quinta-feira, 21 de março de 2013





Nos tempos do amor liquido me pergunto o que estamos fazendo? Amor mudou de significado? Se pensarmos que os arquétipos mudam ao longo do tempo mergulhados no inconsciente coletivo, a resposta pode ser sim.
Dizem que o amor romântico foi inventado por literatos, não nasceu conosco.Assim com o amor materno. Pode ser um sentimento de afeto ou extrema dedicação que o predispõe a desejar o bem de alguém. Um alimento que nos impele para nossos objetos de desejo. Um afeto, uma inclinação, uma paixão. Mas como procuramos este alimento?
Bem tudo começa naquele papo de “é meu tipo”: moreno, alto, bonito e sensual,  magrinho e inteligente, loira alta que assim que entramos num recinto já apontamos o olhar e curiosamente muitas vezes o outro também. Os físicos chamam isso de ressonância que é o fenômeno que acontece quando um sistema físico recebe energia por meio de excitações de freqüência igual a uma de suas freqüências naturais de vibração. Assim, o sistema físico passa a vibrar com amplitudes cada vez maiores. Assim caminha a atração: pessoas com vibrações e freqüências iguais se atraem explodindo catecolaminas. Se entrarmos na questão psicológica isso envolve nosso interior de forma profunda e preponderante. Nossas defesas, no nosso “outro ideal”, nossa sombra e toda a carga de experiências já vividas criam um pensamento cristalizado sobre relacionamentos e sobre nossa posição em relação ao outro. E pasme,  muitas vezes repetimos antigos erros como se fossem novos. Por que isso acontece? Na verdade a pergunta é outra: por que desejamos algo inconscientemente e queremos algo conscientemente? Muitas vezes estes dois elementos não casam! Assim nasce a neurose, que é este eterno ciclo de repetições dolorosas.
Li uma frase no facebook "Esse negócio de amor pode ser tão patológico que (...) me digam, quantas de nós achamos algum dia que iríamos conseguir consertar o débil mental que destrói a nossa vida? (gargalhadas) com doses cavalares de amor? (gargalhadas)" - Saia Justa GNT - Mulherada acordando pra vida né meu bem.
Muito deste sofrimento vem do que queremos que o outro seja : carinhoso mas não grudento. Romântico mas não piegas. Tarado mas não cafajeste.  Companheiro mas que tenha vida própria.Enfim, montamos um monstro de características prediletas e damos um jeitinho de tentar encaixar o outro nisso e vice-versa.Detalhe: o outro também quer “consertar” você. Imagina a confusão! Cada um se relacionando com seu fantasma do ideal. Se irritando com tudo aquilo que não “encaixa” no nosso modelo. Muitas vezes não é defeito do outro e sim um ideal seu descontente. Uma porrada na mente este conceito. Preste atenção nisso na sua próxima DR.
Trabalhando como psicóloga vejo a dificuldade que as pessoas têm em modificar seu modus operandi e mesmo querendo mudar muitas vezes recaem ao ciclo. Agora pergunto, podemos mudar alguém? Que nem se incomoda, muitas vezes, com certos aspectos irritantes para você? Claro, somos com água fazendo adaptações, mas andamos pelos rios que queremos, que fomos impelidos. Portanto se tiver esta expectativa....boa sorte! Vai que coincide! Queremos mudar? Ou só o outro para nosso bel-prazer? O amor é uma alquimia que se alterna em água e vinho, vinho e água ,as apenas se permitirmos nos reinventar.

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